[Ana Jácomo]
terça-feira, 1 de julho de 2014
“Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne e sangra todo dia.” [José Saramago]
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Ana Jácomo,
José Saramago
segunda-feira, 2 de junho de 2014
Paz, é tudo que eu venho tentando encontrar
Mas, me vem a saudade fazendo lembrar...
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Tânia Mara
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Nada.
Você repara nas colunas da Tati
Bernardi e pensa “quão simples pode ser a inspiração”. Vem assim, da imagem
captada, da palavra gravada, do sonho tido... Mas não. As duas imagens não
parece tão boas, as palavras ditas ao seu redor não parecem as melhores para
serem gravadas no papel e os sonhos... Esses parecem não passar de um borrão
preto capaz de durar por todas as poucas horas que suas noites estão tendo.

Não que cheguemos aos pés de
mestre Pessoa – ou de Mestre Caieiro para aqueles que conhecessem a história –
se nem ao menos aos pés de algo simples tentamos chegar. Mas quando se tentar
olhar para o nada, pensar o banal, as páginas a sua frente são um completo
branco que parecem te intimidar para dizer “Sua vida? É nada!”. E nos abatemos,
sem responder. Nossas vidas são nada, são brancas, pretas... De qualquer cor
que nossa alma resolva pintar, mas são reles vidas comparadas ao tamanho do
mundo.
E o que é a Filosofia? A ciência
capaz de desvendar os mistérios que há entre o céu e a terra e nossa vã
filosofia – difere-se aqui da letra maiúscula, por favor - é capaz de compreender. E a incompreensão do
mundo gera o devaneio que te leva ao nada, ao fundo, ao escuro...
Ao preto. Ao sonho.
E sonhos precisam de nexo?
E o que é a escrita além de
sonho?
Precisa então a escrita ter nexo?
Nem aqui há nexo. Nem aqui há
tudo o que eu queria.
Sonho. Preto.
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Flávia Roveri
terça-feira, 25 de março de 2014
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Amores Imperfeitos
Acordei
naquela manhã de maio e estranhei a cena gravada em minha mente. Nunca fui
daquelas que lembravam detalhes dos sonhos, na verdade, as noites sempre me
pareceram uma eterna escuridão em que eu fechava os olhos e não pensava em mais
nada, apenas descansava depois de um dia exaustivo. Mas aquele sonho...
Um campo. Foi em um campo
verde com pequenas flores coloridas que não condiziam muito com a estação em
que estávamos. Éramos eu e um homem. Nem tudo está claro, algumas coisas
parecem verdadeiros borrões. Não sei ao certo sua altura, por exemplo, mas
lembro-me que era suficientemente alto para me passar segurança. Não sei,
também, se essa sensação de segurança vinha por braços grandes ou pequenos, mas
abraçavam bem forte, bem forte mesmo.
Lembro-me claramente do
vento. Ah, o vento! Era uma brisa que lhe batia no rosto e o deixava ainda mais
belo. Sei que era bonito, mesmo que não me recorde da cor exata de seus olhos,
ou o formato dos lábios, nem o tamanho da boca, nariz ou orelhas. Sei que sua
pele era macia.
Era tão macia quanto os
cabelos sedosos que brincavam em um ritmo perfeito, em total sincronia com a
música. Esta era causada pelos singelos assobios das correntes de ar que
transitavam por entre o emaranhado de sensações paradas em meio a nosso
brilhante e revelador silêncio.
O homem dos meus sonhos!
Esse é, literalmente, o homem com quem sonhei...
Não sei qual era o tom da
voz, nem o volume com que ele pronunciava cada uma das letras de meu nome:
J-U-L-I-A. Mas, tenho a mais completa certeza de que era perfeita, tal como os
sinos. Todos os sinos de uma catedral tocando ao mesmo tempo em uma sintonia
perfeita que umedece os olhos, quando toca os ouvidos... Lembrei-me até de uma
música que diz algo sobre o amor começar quando se escutam os sinos que os outros
não escutam, ou algo assim.
Aquele campo... Não era
totalmente estranho, mas também não era nada que eu pudesse dizer “me lembro,
perfeitamente, dele”. É estranho. Tenho a sensação de que ele está perto. Ele,
o campo. Ele, o homem.
É realmente estranho. Mas,
sei que o homem de meus sonhos existe e que vou encontrá-lo, vou transformá-lo
em realidade. Ah, eu vou encontrar...
Senti
como se esbarrasse em uma muralha e caí. Lembrei-me de, mais uma vez, anotar mentalmente,
“nunca andar distraída”. Mas sei que jamais iria funcionar. Ergui o olhar e o
encontrei.
—
Você está bem? — Ele me estendeu a mão para que eu me levantasse e não hesitei.
—
O amor da minha vida! — Completei a frase que estava em meu pensamento, mas ela
saiu alta demais, sem que eu percebesse.
Mas
era o amor da minha vida, era o homem dos meus sonhos.
—
O que? — Ele me encarou como se eu tivesse dito algum absurdo e, na verdade,
era mesmo.
—
Nada. — Tentei sorrir e o vi dar um passo para trás e parar ao lado de alguém.
— Estou bem, não precisa se preocupar.
—
Tome cuidado! — Abriu aquele sorriso e se foi.
Foi.
Com ela.
É difícil acreditar que o homem de meus sonhos
já tinha a mulher dos dele, mas isso é a vida. Nem todos os amores são
perfeitos.
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Flávia Roveri
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Reply

A verdade é que, no meio da multidão, estamos carregando nossas malas pesadas de riquezas e belezas e sentimentos. E uma hora, só porque acontece e não se pode explicar sem parecer ingênuo e arrogante, escolhemos uma pessoa que nos leve.
Eu sei que é amor porque eu te escolhi pra me levar e, mesmo você não tendo aceitado, eu fui.
[...]
A mala não te atingiu, caiu meio metro antes do seu último passo. Nem o som do meu peito desmoronado, nem o cheiro do meu amor metalizado, nem a luz da minha devoção dourada. A mala espatifou no meio da avenida caótica pela chuva e pela véspera do feriado. Os famintos, os entediados, os pobre-ninguéns, os todos-os-outros, se engalfinharam pra tirar proveito do amor que, lançado ao homem sem mãos aparentes, agora ficou esparramado, exposto e restante no asfalto, como um resto de feira reluzente.
Tati Bernardi
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Tati Bernadi
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Caminhos da Vida
O amor não precisa de explicação, o amor dispensa definição. O amor se basta, dois amantes se completam. O amor é amigo do tempo, é irmão da felicidade e pai da cumplicidade e do perdão.
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Flávia Roveri
domingo, 17 de novembro de 2013
Do (não) amor.
"- O tempo do outro demora uma eternidade. O tempo do outro demora duzentas mil vezes o espaço que eu dou para o tempo do outro. Eu preciso ver a outra pessoa para saber se de fato gosto dela, mas não consigo. Minha ânsia de amar é tão grande que me apaixonei criança por um vulto e até hoje fico pegando coisas reais para tentar preenchê-lo, mas o amor vive vazio. É como se eu tivesse te comprado, ou melhor: te inventado. A pior vingança de quem ousa inventar um amor é o personagem criar vida própria. Eu não respeito você. Não me importa sua hesitação. Qualquer tempo seu longe de mim é uma ofensa pessoal.
- Eu só tô te conhecendo, entende? Foi legal e tudo. Mas amor? Quem é que ama em uma semana?
- Eu
- Você acha que me ama, mas você não ta me vendo. Você tem uma sala na sua cabeça. Uma sala com um homem sentado no centro dela. Esse homem tem uma xícara de chá e um quadro e um tapete. Você não ama, você faz entrevista de ator pra cena que tem na sua cabeça. Você quer saber exatamente o que eu penso desde que seja exatamente o que você quer que eu pense. Você me chama de frio mas frieza é desconsiderar totalmente a outra pessoa como você faz. É desrespeitar o tempo dessa pessoa. É impor a sua realidade a essa pessoa. A maior vingança de um personagem é ter vida real e eu tenho vida real e você não suporta essa vingança. Toda a sua inteligência não foi capaz de colocar roteiro no mundo e então você anda por aí com suas olheiras e enjôos e medos e dores nas costas e cinismos e maldades. Como se todo mundo te devesse desculpas por não estar se movimentando de acordo com a sua direção. O amor é bem mais humilde que isso. Isso é desejo e desejo torto. E porque ainda não é amor, você cava a terra como um cachorro que precisa esconder o ossinho da dor. Você quer roer eternamente o seu vazio escondido no lugar onde sua flor idealizada nunca nasce e nem nunca vai nascer."
[Tati Bernardi]
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Tati Bernadi
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Que o nosso amor pra sempre viva.
Ela
atravessava a rua distraidamente olhando para o celular que tinha acabado de
mostrar uma nova mensagem, nem vira em quem esbarrara na esquina, mas foi
instintivo desviar a atenção para pedir desculpas.
-Desculpa, eu
tava tão... – a frase parou no meio quando os olhos se encontraram – distraída,
é isso, eu estava distraída! E você, meio estranho estar aqui, não, Felipe?
Fazia anos
que ela não o via, a cidade era pequena realmente, mas não poderia acreditar
que um dia ele voltasse para o que quer que fosse, nem para visitar a família.
-Minha avó,
ela já não pode visitar para ver o neto preferido. – ele sorriu de canto a
abaixou o rosto do jeito que ela nunca se esquecera, Rafaela precisou então
piscar e respirar rápido para recuperar os sentidos.
-Preferido
depois dos... Quantos netos ela tem mesmo? – os dois riram levemente – Não imaginava
te encontrar, de verdade, achei que nunca mais iríamos nos ver.
-Eu também,
Rafa, foi por isso, para não nos vermos, que evitei a cidade todos esses anos.
Tudo bem que você sempre foi melhor do que eu em passagem de tempo, mas acho
que são três anos, não? – ele estava sendo tão sincero que ela pensou se estava
sonhando, mas se fosse, ela desejou não acordar.
-Não, quatro
anos, completados semana passada, segunda-feira. – ela sentiu as bochechas
corarem, por que precisava decorar todas as datas que os envolviam?
-Pelo menos
eu errei por pouco dessa vez – ele tirou a franja do olho dela – Você mudou,
principalmente o cabelo e confesso que eu preferia os seus cachos.
Ela sentiu um
frio na barriga, era a mesma frase que seu ex-namorado dissera semanas atrás, enquanto
ainda estavam juntos: que ele preferia os cachos. Foi por isso que ela alisou.
-Garanto que
eu tive motivos fortes! – Não pretendia dá-los ali, naquele instante – Vai
ficar muito tempo por aqui?
-Uma semana,
cheguei agora pouco na verdade – ele mordeu o canto dos lábios, era um hábito
dela que ele sempre imitara só para irritá-la, mas agora tinha o efeito
contrário – Quais os motivos?
-Já tinha me
esquecido o quão persistente você pode ser!
-Mais alguma
coisa que a sua memória não registrou? – ele parecia se divertir com o reencontro,
não transparecia o nervosismo que ela tinha claro.
-O quanto
você é lindo – ela disparou o pensamento sem pensar nas consequências, sabia
que depois de uma semana não iria reencontrá-lo.
-Você sempre
me surpreendeu, mas eu não imaginava que me diria isso.
-Não? – ela sorriu
de leve – Sempre te disse isso, em todo o tempo que ficamos juntos e repeti
para mim, mesmo depois, durante quatro anos.
-Você também
é linda! – ele passou a mão pelo rosto dela – Se eu te beijar, vamos acabar revivendo
todo o passado?
-Acho que
sim... – ela parou um pouco para ver a situação – E sofreremos de novo depois
quando você for embora. Mas eu não ligo.
-Não? – ele se
aproximou e ergueu uma sobrancelha em sinal de dúvida.
-Não, prefiro
aproveitar aqui, agora. A sua ausência é o que dói e isso não importa quanto
tempo passe.
Então eles se
beijaram.
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Flávia Roveri,
Marisa Monte
I will never win this game without you.
Eu vou negando as aparências, disfarçando as evidências, mas pra que viver fingindo se eu não posso enganar meu coração?
As pessoas mentem. Mas as pessoas mentem para si mesmas
tentando fingir e mentir, dizer que não, que não é assim ou assado. As pessoas negam seus sentimentos pelo medo de se tornar algo
mais forte, não correspondido. Têm medo de sofrer.
Mas o que é a vida se não um eterno ciclo de alegrias e
tristezas, alternância do alto e baixo, certo e errado? Fechamos a boca,
escondemos o coração, negamos o frio na barriga, resistimos a atração. Para no
fim compreender que é mútua, mas que já é tarde demais.
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David Guetta,
Flávia Roveri,
José Augusto
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