quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Quanto querer cabe em meu coração?

Postado por Flá às 13:27




 
- Marina! – ela ouviu uma voz lhe chamar e sabia a quem pertencia, ainda buscava maneiras de ouvi-la todos os dias, então virou-se rapidamente.
-Fábio? – perguntou, sem esconder a surpresa, não contava que ele já estivesse na cidade.
-Quanto tempo! – a voz dele soava calma, como se nada tivesse acontecido e os meses não tivessem passado – Senti sua falta.
-Eu também, – ela admitiu com relutância, não deveria demonstrar o quanto ele lhe era importante – mas a vida sempre tem que continuar, não é?
-Acho que sim – ele deu de ombros – o problema é quando continua de uma maneira que não queremos e sem que estejamos felizes.
-Seu namoro... – ela se interrompeu e pensou por qual motivo o namoro dele ou mesmo o dela vinham sempre em pauta – você não está bem com ela?
-São vários anos já, me acostumei. – a resposta que obtinha era sempre a mesma e se perguntava se não sentia a mesma coisa pelo seu próprio namorado, eram tantos anos também – eu vou tocar aqui hoje.
-Eu sei – ela lamentava ter tantos amigos em comum com ele e não ter pra onde fugir, ninguém sabia que já houve algo entre eles – eu vou te ver, todo mundo vem.
-É só isso? – ele percebera a falta de entusiasmo – Você vem só por todo mundo vir também?
-É. – ela respirou fundo antes de lembra-lo de todas as promessas feitas e não cumpridas – Você sabe que eu não quero mais te ver tocando, ainda mais no mesmo bar em que nos conhecemos.
-Mesmo tanto tempo depois, Marina? – o nome lhe soou estranho, não estava acostumada com ele lhe chamando daquela maneira – Achei que pudéssemos ser amigos como antes.
-Nunca houve de fato um antes, você sabe disso. – eles apenas se conheciam, nunca foram amigos – Não quero discutir também, é passado, você mesmo disse que já faz muito tempo. Estarei aqui assim que o bar abrir, você conhece os seus amigos melhor que eu.
-Nossos – ele deu um sorriso de canto que fez o coração dela disparar, e ele sabia do efeito – não que pedir nenhuma música?
-Não, – ela deu de ombros e se perguntou se ele ainda lembrava qual era sua música preferida – confio no seu repertório. Eu tenho que ir, até mais tarde.
-Até. – ela continuou seu caminho se perguntando o motivo de não superar tudo aquilo quando ouviu lhe chamar mais uma vez e se virou – Prometo que toco Samurai do Djavan pra você.
Ele piscou. Ela sorriu. Ele sabia.

0 comentários:

Postar um comentário

 

Pensamentos soltos Copyright © 2012 Design by Antonia Sundrani Vinte e poucos