- Marina! – ela ouviu uma voz lhe chamar e sabia a quem
pertencia, ainda buscava maneiras de ouvi-la todos os dias, então virou-se
rapidamente.
-Fábio? – perguntou, sem esconder a surpresa, não contava
que ele já estivesse na cidade.
-Quanto tempo! – a voz dele soava calma, como se nada
tivesse acontecido e os meses não tivessem passado – Senti sua falta.
-Eu também, – ela admitiu com relutância, não deveria
demonstrar o quanto ele lhe era importante – mas a vida sempre tem que
continuar, não é?
-Acho que sim – ele deu de ombros – o problema é quando
continua de uma maneira que não queremos e sem que estejamos felizes.
-Seu namoro... – ela se interrompeu e pensou por qual motivo
o namoro dele ou mesmo o dela vinham sempre em pauta – você não está bem com
ela?
-São vários anos já, me acostumei. – a resposta que obtinha
era sempre a mesma e se perguntava se não sentia a mesma coisa pelo seu próprio
namorado, eram tantos anos também – eu vou tocar aqui hoje.
-Eu sei – ela lamentava ter tantos amigos em comum com ele e
não ter pra onde fugir, ninguém sabia que já houve algo entre eles – eu vou te
ver, todo mundo vem.
-É só isso? – ele percebera a falta de entusiasmo – Você vem
só por todo mundo vir também?
-É. – ela respirou fundo antes de lembra-lo de todas as promessas
feitas e não cumpridas – Você sabe que eu não quero mais te ver tocando, ainda
mais no mesmo bar em que nos conhecemos.
-Mesmo tanto tempo depois, Marina? – o nome lhe soou
estranho, não estava acostumada com ele lhe chamando daquela maneira – Achei que
pudéssemos ser amigos como antes.
-Nunca houve de fato um antes, você sabe disso. – eles apenas
se conheciam, nunca foram amigos – Não quero discutir também, é passado, você
mesmo disse que já faz muito tempo. Estarei aqui assim que o bar abrir, você
conhece os seus amigos melhor que eu.
-Nossos – ele deu um sorriso de canto que fez o coração dela
disparar, e ele sabia do efeito – não que pedir nenhuma música?
-Não, – ela deu de ombros e se perguntou se ele ainda
lembrava qual era sua música preferida – confio no seu repertório. Eu tenho que
ir, até mais tarde.
-Até. – ela continuou seu caminho se perguntando o motivo de
não superar tudo aquilo quando ouviu lhe chamar mais uma vez e se virou –
Prometo que toco Samurai do Djavan pra você.
Ele piscou. Ela sorriu. Ele sabia.
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