Você repara nas colunas da Tati
Bernardi e pensa “quão simples pode ser a inspiração”. Vem assim, da imagem
captada, da palavra gravada, do sonho tido... Mas não. As duas imagens não
parece tão boas, as palavras ditas ao seu redor não parecem as melhores para
serem gravadas no papel e os sonhos... Esses parecem não passar de um borrão
preto capaz de durar por todas as poucas horas que suas noites estão tendo.
Você lê o trabalho de Literatura
Portuguesa e vê o quão simples Fernando Pessoa conseguia ser. Simples? Ilusão!
Simples ilusão de que uma visão cotidiana cercada de devaneios, por acaso,
gerou uma poesia, um livro, uma coletânea... Gerou 180 heterônimos, 180 “eus”
que se divergem e convergem com uma facilidade absurda. Facilidade...
Não que cheguemos aos pés de
mestre Pessoa – ou de Mestre Caieiro para aqueles que conhecessem a história –
se nem ao menos aos pés de algo simples tentamos chegar. Mas quando se tentar
olhar para o nada, pensar o banal, as páginas a sua frente são um completo
branco que parecem te intimidar para dizer “Sua vida? É nada!”. E nos abatemos,
sem responder. Nossas vidas são nada, são brancas, pretas... De qualquer cor
que nossa alma resolva pintar, mas são reles vidas comparadas ao tamanho do
mundo.
E o que é a Filosofia? A ciência
capaz de desvendar os mistérios que há entre o céu e a terra e nossa vã
filosofia – difere-se aqui da letra maiúscula, por favor - é capaz de compreender. E a incompreensão do
mundo gera o devaneio que te leva ao nada, ao fundo, ao escuro...
Ao preto. Ao sonho.
E sonhos precisam de nexo?
E o que é a escrita além de
sonho?
Precisa então a escrita ter nexo?
Nem aqui há nexo. Nem aqui há
tudo o que eu queria.
Sonho. Preto.
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