terça-feira, 10 de setembro de 2013

Depois de você, os outros são os outros e só.

Postado por Flá às 19:57 0 comentários



-Renato! – ela gritou se enchendo de coragem e pensando em como poderia dizer a ele tudo o que tinha guardado nos últimos seis anos.
-Carol? – ele ergue uma sobrancelha mostrando que a surpresa – O que você está fazendo aqui?
-Eu estava te esperando. – ela soltou sem meias palavras – Sei que você ainda trabalha aqui e decidi te esperar na saída, fiz mal?
-Não, claro que não! – o sorriso dele fez o coração dela gelar – Mas agora me deixou curioso para saber o que aconteceu. Não quer tomar um café comigo?
-Não, Rê, desculpa, mas seu eu fizer qualquer coisa que me tire daqui e desvie o meu olhar de você, eu vou perder a coragem de contar tudo. Eu espero que depois você continue me convidando para um café.
-O que pode ser tão grave assim? – ele estava sério agora e parecia realmente preocupado – Nem o fim do nosso relacionamento acabou com a nossa amizade de tanto tempo.
-É exatamente sobre ele que eu vim conversar com você. – ela parecia medir as palavras, estava a um passo de perder a coragem, mas agora que começara, não poderia mais parar.
-Sobre o nosso relacionamento ou o fim dele? – ele disse quando percebeu que o silêncio que se instaurara não seria quebrado por ela.
-As duas coisas. – ela respirou fundo e seguiu em frente – Sei que já são seis anos, que eu estou muito atrasada, mas aconteceu tanta coisa em nossas vidas durante esse período.
-Carol, eu não entendendo nada, juro que eu to tentando, mas você pode ser mais específica.
-Eu guardei isso comigo por muito tempo, Renato, e só agora eu criei coragem para te contar. Eu não consigo despejar tudo de uma vez!
-Tá, eu não vou te atrapalhar mais. – ele abaixou a cabeça rapidamente, mas voltou a encará-la quando escutou a fala dela recomeçar.
-Antes que eu estrague a nossa amizade, você me responde uma pergunta? – ele assentiu e ela continuou – Você e a Bruna terminaram mesmo?
-Há três meses, você sabe. – ele continuava com a expressão de dúvida no rosto, não conseguia entender.
-Eu precisava ter certeza antes de te dizer que ninguém mais foi igual a você todo esse tempo! – ela disse sabendo que não poderia voltar atrás em mais nada.
-Iguais a mim? – ele a encarou tentando perceber se havia entendido perfeitamente – Como assim? Quem? Iguais a mim em que sentido, Carolina?
-Os meus ex-namorados ou qualquer outro homem que tenha passado na minha vida. – ela começou a responder as perguntas fora de ordem, com a cabeça baixa e voz trêmula, não tinha coragem para olhá-lo – Nenhum deles mexeu comigo da mesma maneira que você, Renato, ninguém conseguiu despertar o sentimento que eu tinha por você. Droga! O sentimento que eu tenho. Eu ainda te amo, essa é a verdade e sim, iguais a você. Nenhum deles conseguiu ser o que você era pra mim.
-Nunca pensei em escutar um eu te amo seu novamente. – ele disse com a voz de quem estava perplexo diante da situação, mas sem raiva, sem rancor, sem mágoa.
-Era tudo que eu queria gritar durante esses anos, mesmo que às vezes mentisse para mim mesma. – ela disse com um sorriso nervoso, o rosto dele já transmitia mais serenidade e uma paz que ela não havia encontrado em mais ninguém – Você sempre foi o meu padrão de referência, digamos assim, e um padrão muito alto.
-Ainda bem. – ela sentiu ele se aproximar ainda mais – Não aceitaria menos do que ser o melhor.
-Verdade? – ela rezou para que estivesse certa e se aproximou ainda mais, os corpos quase colados – E você não tem mais nada pra me dizer?
-Acho que tenho sim. – as mãos dele pousaram na cintura dela, a boca próxima ao ouvido, a voz em um sussurro. – Eu te amo, te amei por todo esse tempo e nenhuma outra foi igual a você.

"Me sentia imensamente bem, mas acho que não era de felicidade, era esperança." [Vanessa Leonardi]

Postado por Flá às 18:29 0 comentários

"-Bom, feliz talvez ainda não. Mas tenho assim... aquela coisa... como era mesmo o nome? Aquela coisa antiga, que fazia a gente esperar que tudo desse certo, sabe qual?
-Esperança? Não me diga que você está com esperança!
-Estou, estou."
[Caio F. Abreu]

Tudo começou quando você não me quis mais.

Postado por Flá às 18:27 0 comentários


-Você tem certeza do que está dizendo, Daniel? – ela perguntava sentada na cama e o encarando com os olhos inchados pelo excesso de choro.
-Tenho, Mariana, desculpa. – ele abaixou a cabeça sem conseguir entender o que estava acontecendo exatamente depois de tanto tempo de namoro – Você mesma terminou comigo há alguns meses.
-Eu sei, mas também fui eu quem te ligo implorando para voltar, eu me arrependi e não entendo, não pode ser por isso que você está tomando essa decisão agora!
-Claro que não! Você sabe que eu não faria isso. – ele sorriu, mas era diferente, tinha uma ponta de tristeza – Eu queria era me casar com você, mas algo mudou, eu não sei te explicar. Na verdade, não sei o motivo de ter voltado com você.
-Você tem outra? – ela se levantou  com uma ponta de irritação saindo pela voz – Me fala a verdade!
-Claro que não, Mariana! – ele alterou o tom e respirou fundo para se controlar novamente – Eu não terminaria com você por ter outra em vista, apesar de ter me interessado por outra enquanto estávamos separados. Mas eu não te escondi isso, se fosse por ela ou por qualquer outra, eu nem teria voltado. É pela gente, simples assim.
-Simples? – ela prendeu o cabelo, era um verdadeiro sinal de nervosismo. – Como você pode dizer que é simples terminar um relacionamento de cinco anos?
-Tudo tem que ser complicado? Eu não te amo mais, não dificulte ainda mais, não faz isso comigo. – a impaciência estava cada vez mais evidente.
-Não, eu não to dificultando nada, Daniel! – foi a vez dela alterar a voz, a diferença é que se manteve assim – Eu só quero entender onde a gente se perdeu.
-Isso eu também não sei te responder, mas pode ter certeza de que eu lamento. Eu te amei muito. – ele a encarou e ela pode sentir a verdade saindo de seus olhos.
-Eu nunca quis te perder, mas é verdade também que nossas vidas são bastante diferentes, não é? – ela foi quem sorriu de maneira triste.
-É. – ele a beijou na testa de uma maneira carinhosa – Se cuida.

Ele pegou a bolsa que tinha as suas coisas e saiu pela porta sem nem olhar para trás. Ele tinha que seguir seu caminho. Não havia espaço para olhar para trás.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Quanto querer cabe em meu coração?

Postado por Flá às 13:27 0 comentários




 
- Marina! – ela ouviu uma voz lhe chamar e sabia a quem pertencia, ainda buscava maneiras de ouvi-la todos os dias, então virou-se rapidamente.
-Fábio? – perguntou, sem esconder a surpresa, não contava que ele já estivesse na cidade.
-Quanto tempo! – a voz dele soava calma, como se nada tivesse acontecido e os meses não tivessem passado – Senti sua falta.
-Eu também, – ela admitiu com relutância, não deveria demonstrar o quanto ele lhe era importante – mas a vida sempre tem que continuar, não é?
-Acho que sim – ele deu de ombros – o problema é quando continua de uma maneira que não queremos e sem que estejamos felizes.
-Seu namoro... – ela se interrompeu e pensou por qual motivo o namoro dele ou mesmo o dela vinham sempre em pauta – você não está bem com ela?
-São vários anos já, me acostumei. – a resposta que obtinha era sempre a mesma e se perguntava se não sentia a mesma coisa pelo seu próprio namorado, eram tantos anos também – eu vou tocar aqui hoje.
-Eu sei – ela lamentava ter tantos amigos em comum com ele e não ter pra onde fugir, ninguém sabia que já houve algo entre eles – eu vou te ver, todo mundo vem.
-É só isso? – ele percebera a falta de entusiasmo – Você vem só por todo mundo vir também?
-É. – ela respirou fundo antes de lembra-lo de todas as promessas feitas e não cumpridas – Você sabe que eu não quero mais te ver tocando, ainda mais no mesmo bar em que nos conhecemos.
-Mesmo tanto tempo depois, Marina? – o nome lhe soou estranho, não estava acostumada com ele lhe chamando daquela maneira – Achei que pudéssemos ser amigos como antes.
-Nunca houve de fato um antes, você sabe disso. – eles apenas se conheciam, nunca foram amigos – Não quero discutir também, é passado, você mesmo disse que já faz muito tempo. Estarei aqui assim que o bar abrir, você conhece os seus amigos melhor que eu.
-Nossos – ele deu um sorriso de canto que fez o coração dela disparar, e ele sabia do efeito – não que pedir nenhuma música?
-Não, – ela deu de ombros e se perguntou se ele ainda lembrava qual era sua música preferida – confio no seu repertório. Eu tenho que ir, até mais tarde.
-Até. – ela continuou seu caminho se perguntando o motivo de não superar tudo aquilo quando ouviu lhe chamar mais uma vez e se virou – Prometo que toco Samurai do Djavan pra você.
Ele piscou. Ela sorriu. Ele sabia.
 

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