quinta-feira, 22 de maio de 2014

Nada.

Postado por Flá às 23:11 0 comentários
Você repara nas colunas da Tati Bernardi e pensa “quão simples pode ser a inspiração”. Vem assim, da imagem captada, da palavra gravada, do sonho tido... Mas não. As duas imagens não parece tão boas, as palavras ditas ao seu redor não parecem as melhores para serem gravadas no papel e os sonhos... Esses parecem não passar de um borrão preto capaz de durar por todas as poucas horas que suas noites estão tendo.
Você lê o trabalho de Literatura Portuguesa e vê o quão simples Fernando Pessoa conseguia ser. Simples? Ilusão! Simples ilusão de que uma visão cotidiana cercada de devaneios, por acaso, gerou uma poesia, um livro, uma coletânea... Gerou 180 heterônimos, 180 “eus” que se divergem e convergem com uma facilidade absurda. Facilidade...
Não que cheguemos aos pés de mestre Pessoa – ou de Mestre Caieiro para aqueles que conhecessem a história – se nem ao menos aos pés de algo simples tentamos chegar. Mas quando se tentar olhar para o nada, pensar o banal, as páginas a sua frente são um completo branco que parecem te intimidar para dizer “Sua vida? É nada!”. E nos abatemos, sem responder. Nossas vidas são nada, são brancas, pretas... De qualquer cor que nossa alma resolva pintar, mas são reles vidas comparadas ao tamanho do mundo.
E o que é a Filosofia? A ciência capaz de desvendar os mistérios que há entre o céu e a terra e nossa vã filosofia – difere-se aqui da letra maiúscula, por favor -  é capaz de compreender. E a incompreensão do mundo gera o devaneio que te leva ao nada, ao fundo, ao escuro...

Ao preto. Ao sonho.

E sonhos precisam de nexo?

E o que é a escrita além de sonho?

Precisa então a escrita ter nexo?

Nem aqui há nexo. Nem aqui há tudo o que eu queria.


Sonho. Preto.
 

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