-Renato! – ela gritou
se enchendo de coragem e pensando em como poderia dizer a ele tudo o que tinha
guardado nos últimos seis anos.
-Carol? – ele ergue uma
sobrancelha mostrando que a surpresa – O que você está fazendo aqui?
-Eu estava te esperando.
– ela soltou sem meias palavras – Sei que você ainda trabalha aqui e decidi te
esperar na saída, fiz mal?
-Não, claro que não! –
o sorriso dele fez o coração dela gelar – Mas agora me deixou curioso para
saber o que aconteceu. Não quer tomar um café comigo?
-Não, Rê, desculpa, mas
seu eu fizer qualquer coisa que me tire daqui e desvie o meu olhar de você, eu
vou perder a coragem de contar tudo. Eu espero que depois você continue me
convidando para um café.
-O que pode ser tão
grave assim? – ele estava sério agora e parecia realmente preocupado – Nem o
fim do nosso relacionamento acabou com a nossa amizade de tanto tempo.
-É exatamente sobre ele
que eu vim conversar com você. – ela parecia medir as palavras, estava a um
passo de perder a coragem, mas agora que começara, não poderia mais parar.
-Sobre o nosso
relacionamento ou o fim dele? – ele disse quando percebeu que o silêncio que se
instaurara não seria quebrado por ela.
-As duas coisas. – ela respirou
fundo e seguiu em frente – Sei que já são seis anos, que eu estou muito
atrasada, mas aconteceu tanta coisa em nossas vidas durante esse período.
-Carol, eu não
entendendo nada, juro que eu to tentando, mas você pode ser mais específica.
-Eu guardei isso comigo
por muito tempo, Renato, e só agora eu criei coragem para te contar. Eu não
consigo despejar tudo de uma vez!
-Tá, eu não vou te
atrapalhar mais. – ele abaixou a cabeça rapidamente, mas voltou a encará-la
quando escutou a fala dela recomeçar.
-Antes que eu estrague
a nossa amizade, você me responde uma pergunta? – ele assentiu e ela continuou –
Você e a Bruna terminaram mesmo?
-Há três meses, você
sabe. – ele continuava com a expressão de dúvida no rosto, não conseguia
entender.
-Eu precisava ter
certeza antes de te dizer que ninguém mais foi igual a você todo esse tempo! –
ela disse sabendo que não poderia voltar atrás em mais nada.
-Iguais a mim? – ele a
encarou tentando perceber se havia entendido perfeitamente – Como assim? Quem?
Iguais a mim em que sentido, Carolina?
-Os meus ex-namorados
ou qualquer outro homem que tenha passado na minha vida. – ela começou a
responder as perguntas fora de ordem, com a cabeça baixa e voz trêmula, não
tinha coragem para olhá-lo – Nenhum deles mexeu comigo da mesma maneira que
você, Renato, ninguém conseguiu despertar o sentimento que eu tinha por você.
Droga! O sentimento que eu tenho. Eu ainda te amo, essa é a verdade e sim,
iguais a você. Nenhum deles conseguiu ser o que você era pra mim.
-Nunca pensei em
escutar um eu te amo seu novamente. – ele disse com a voz de quem estava
perplexo diante da situação, mas sem raiva, sem rancor, sem mágoa.
-Era tudo que eu queria
gritar durante esses anos, mesmo que às vezes mentisse para mim mesma. – ela disse
com um sorriso nervoso, o rosto dele já transmitia mais serenidade e uma paz
que ela não havia encontrado em mais ninguém – Você sempre foi o meu padrão de
referência, digamos assim, e um padrão muito alto.
-Ainda bem. – ela sentiu
ele se aproximar ainda mais – Não aceitaria menos do que ser o melhor.
-Verdade? – ela rezou
para que estivesse certa e se aproximou ainda mais, os corpos quase colados – E
você não tem mais nada pra me dizer?
-Acho que tenho sim. – as
mãos dele pousaram na cintura dela, a boca próxima ao ouvido, a voz em um
sussurro. – Eu te amo, te amei por todo esse tempo e nenhuma outra foi igual a
você.